Sejam Louvados Jesus e Maria!
Solenidade de São Pedro e São Paulo
Celebramos hoje com alegria esses dois santos “colunas” da Igreja: São Pedro e São Paulo, que com suas vidas entregues a Deus nos demonstram o que a graça Divina é capaz de fazer numa alma, o que o Espírito Santo realizou na vida desses homens a ponto de transformá-los inteiramente: de Simão traidor “não, não conheço esse homem de quem falais” (Mc 14, 71), a Pedro fiel “ Senhor, sabes tudo, Tu sabes que te amo” (Jo. 21, 17); de perseguidor “ Saulo, Saulo, por que me persegues?” ( At. 9, 4), a perseguido “Quem nos separará do Amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? Realmente está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia inteiro; somos tratados como gado destinado ao matadouro (Sl 43,23). Mas em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou.” (Rm. 8,35-37). Meditemos, portanto, sobre o que a graça é capaz de realizar numa alma que se entrega a Deus pela fé de forma sincera e profunda.
O padre Garrigou Lagrange em seu livro “As três vias e as três conversões” nos fala da importância da vida na graça, de buscarmos a cada dia permitirmos que o Espírito Santo purifique nossos corações para uma progressão sempre mais íntima de união com Deus. O autor é ousado até mesmo em afirmar que “ esta vida interior sobrenatural é muito superior ao milagre, que não é senão um sinal sensível da palavra de Deus ou da santidade de seus servos. Mesmo a ressurreição de um morto, que restitui sobrenaturalmente a vida a um cadáver, não se compara a ressurreição de uma alma que se achava na morte espiritual do pecado e que recebe a vida essencialmente sobrenatural da graça” (pág. 27).
O processo de conversão normalmente se dá de forma gradual, de fé em fé o homem vai progredindo no conhecimento de Deus e de si mesmo “ que eu me conheça a mim mesmo que eu vos conheça Senhor” (Santo Agostinho), por isso Nosso Senhor questiona aos seus discípulos no evangelho de hoje: “ e vós quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 15-16), e assim também se dá em nossa alma, quando pela graça reconhecemos quem é Cristo ele nos revela quem nós somos: “Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”. (Mt. 16,18). A graça realiza maravilhas em uma alma que se entrega com generosidade e humildade.
No dia 1º de novembro do ano de 1820 na Igreja de Santa Maria de Monticelli em Roma, nossa Venerável Madre Maria Teresa Spinelli visualizou em um profundo momento de oração o quadro que resume a nossa espiritualidade: Santo Agostinho, Santa Teresa de Jesus, São Pedro e São Paulo, o Tabernáculo, a Trindade e o céu. Ao rezar com a pintura, ficava me questionando qual teria sido a intuição de nossa Fundadora ao ver os apóstolos a não ser nesse sentido de profunda busca de conversão, de ser também ela escolhida por Deus para doar-se totalmente à evangelização e ao bem do próximo, numa contínua oferta de si, de seus sofrimentos pela Igreja como vítima e perfeita oblação, identificando-se ao Esposo Crucificado e repetindo na alma como Santa Teresa de Jesus: “Sou filha da Igreja”.
Peçamos a Deus pela fé a compreensão de fato de como a graça Divina pode operar em nós e como corresponder com magnanimidade a tão precioso dom de dar a vida pela glória de Deus e pela salvação das almas. Na primeira leitura vemos que enquanto Pedro estava na prisão a Igreja orava continuamente a Deus por ele. Somos Igreja, que precisa estar em prontidão contínua orando sem cessar uns pelos outros, rezemos de forma especial hoje pelo Santo Padre o Papa Francisco, também o papa emérito Bento XVI para que a exemplo de Pedro sejam fiéis pastores do rebanho de Deus e santificados em seus sofrimentos e fadigas e a exemplo de São Paulo possam como na segunda leitura repetir em suas vidas: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa.” (2 Tim. 4, 7-8). Sejamos nós também fiéis, convertamo-nos de forma sincera, amemos a Cristo, pois se Deus realizou maravilhas na vida de um impulsivo pescador, de um fariseu inimigo de Cristo, creiamos, sim, Ele pode também realizar em nós o maior milagre, que é o milagre do amor.
Simão, que tornara-se Pedro, um dia temeu a cruz: “ Que Deus não permita isto Senhor! Isto não te acontecerá” (Mt. 16, 22); Saulo, que tornara-se Paulo apoiava-se em sua espada: “ Enquanto isso,, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor.” (At. 9,1), mas sabemos que “ todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm. 8,28), a cruz e a espada respectivamente, instrumentos que algum dia foram causa de quedas para esses eleitos, após a conversão tornaram-se instrumentos de salvação e chaves para abertura da porta do paraíso, pois um morre pela cruz e outro pela espada. Rezemos, e em nossas dificuldades, sofrimentos e situações de quedas saibamos que se apresentadas a Deus poderão ser como que escadas que nos darão acesso ao céu.
São Pedro e São Paulo, rogai por nós!
Irmã Polliany Ramos Costa, asjm
Oração aos Santos Apóstolos Pedro e Paulo
Ó Deus, que alegrais a Vossa Igreja com a solene celebração dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, que após a descida do Espírito Santo, viveram na unidade e testemunharam Cristo Senhor, condecei-nos pela intercessão destes apóstolos que, Cristo seja testemunhado nas nossas comunidades, pelo amor e pela concórdia de seus membros, vo-lo pedimos por Cristo Nosso Senhor. Amém!